quarta-feira, 6 de abril de 2011

Nepal: relato de uma sobrevivente - parte II

10 de Dezembro

Hoje vamos de Kathmandu para Nagarkot, depois de 3 dias de passeio (e compras!) na capital.


Na primeira noite em Kathmandu jantámos no hotel e depois fomos com o Tanveer a um "Dance bar", onde íamos ver nepalesas a dançar de uma forma "muito sexy" (segundo o Tanveer)... Estávamos todos à espera de alguma coisa melhorzinha do que o bar onde fomos... Era numa cave, sujo, com crianças a brincar ao fundo e raparigas e rapazes com cerca de 15 anos a dançar de uma forma mais-o-menos desengonçada (ok, algumas dançavam benzinho... mas nada melhor do que o normal para qualquer rapariga que dance bem numa discoteca...). Um dos rapazes que subiu ao palco parecia que tinha um revólver preso nas calças, nas costas (vamos acreditar que era de plástico, só para o estilo)!! Só ficámos para não sermos chungas com o Tanveer. E no fim, fomos embora porque duas nepalesas começaram a discutir e iam começar à porrada...

Ontem fomos jantar ao Rum Doodle. É um restaurante onde costumavam reunir-se muitos montanhistas e ficou famoso por isso... É como o Peter's (o original) para os marinheiros.

Quem subir ao topo do Everest não paga no Rum Doodle e há um livro sobre o restaurante ( a Baca comprou, depois vai emprestar-me). A decoração é muito simples: placas em forma de pés onde as pessoas podem deixar mensagens. Não vimos o "pé" do João Garcia, mas vimos uma bandeira de Portugal assinada por ele! Apesar de sermos simples turistas, sem aspiração a grandes subidas, o Tanveer pediu um pé para nós e...surpresa: deram-lhe! Mas a alegria de escrevermos uma plaquinha nossa depressa deu lugar a uma certa desilusão: tudo porque o Tanveer foi o primeiro e estragou a placa com “Gravity is myth...Earth sucks.” (Quem é que diz isto num sítio todo naturalista, onde 90% dos clientes são amantes da natureza?!)

Por fim, a placa ficou pendurada num dos sítios com maior visibilidade (a entrada para as casas-de-banho), escolhido pelo Tanveer, com os nossos nomes e um "Amo-te Pikatchoina"!

Depois do jantar fomos a pé até a um bar e a uma discoteca (no mesmo edifício). O tecto do bar parecia uma almofada de remendos e havia um grupo de rock ao vivo. Tocaram Nirvana, Range Against the Machine e depois "Another brick in te wall" (para o Tiago).

A discoteca estava cheia de rapazes, mas não se meteram muito connosco. .. Depois do Tanveer lhes dizer na lingua deles para se afastarem, dançamos sempre à vontade. Só no fim é que ouvi um homem a dizer-me "Let´s go to another place", mas eu, meio aparvalhada, respondi "No no no...Sorry" e pronto. Ficamos por aí.


Gostei da música: pelos vistos era o que passavam nas discotecas portuguesas quando andavamos no secundário, mais alguns êxitos recentes (tipo "I gotta a feeling"). No fim, o DJ avisou "This is the last one" e pronto, acenderam as luzes... Meia-noite, já estávamos a ir embora. A horinha ideal para ir pá caminha!

Nas ruas, ainda andavam a vender haxixe (qual Bairro Alto, qual quê), mas os "Dance bares" estavam todos a fechar e viam-se muitos ocidentais nas ruas. E para os lados do hotel, também vimos muitas vacas e cães, o que fez lembrar a India, porque aqui não há tantos animais nas ruas durante o dia (nem de perto, nem de longe).



11 de Dezembro

Já estamos em Nagarkot. Parece o Gerês,mas em ponto muito maior! O nosso hotel é muito pitoresco: fica no topo de um monte, rodeado por montanhas dos Himalaias.

Os quartos têm todos vista para as montanhas.. Amanhã se calhar vamos acordar cedo para ver o nascer do sol do terraço. O nosso hotel parece ser o mais alto aqui da zona! Chama-se View Point.

(Neste momento estou no restaurante do hotel. A net é 100 Rs nepalesas por dia, mas só está ligada enquanto há luz! É verdade, aqui no Nepal as falhas de luz nos hoteis são frequentes...e planeadas! Em quase todos, há periodos do dia em que não há electricidade... Acho que é para poupança de energia, mas não tenho a certeza... Se calhar não produzem mesmo energia que chegue...)

(Está um grupo de japoneses a comer noodles, numa mesa ao fundo. Eles não devem ir para lado nenhum sem embalagens de noodles! É a versão japonesa das nossas barras de cereais...)

Amanhã vou descer este monte todo a pé, até outra cidade e depois (na segunda ou terça) é que vamos para Chitwan, a reserva natural com rinocerontes e tigres. O Tanveer disse que já lá esteve 14 vezes e nunca viu tigres, mas os empregados da reserva dizem sempre no fim "É pena...Vimos tigres ainda ontem!" Pronto, temos os rinocerontes. E elefantes! Acho que vamos andar em cima deles. :-)


Também temos algumas actividades extra que podemos escolher:

- rafting

- trekking

- bunging jumping...

Eu gostava de bunging jumping, mas são 90€ e só a Mariana é que se mostrou interessada... São quase 160m, é dos maiores do mundo! Deve ser bem pior do que o salto tandem, porque saltamos sem ninguém e vamos quase até ao chão em queda-livre!!! Não sei se tinha coragem... Só se alguém me desse um empurrãozinho! lol


Em Kathmandu tivemos uma actividade da Shoestring muito gira (estava incluída no pack de excursão que compramos): uma aula de culinária nepalesa! Fizemos uma entrada, uma sopa, um prato principal e uma sobremesa. Não sei se aprendi as receitas todas,mas todos tiramos notas, é só juntar o conhecimento!

Por acaso foi muito bom termos vindo pela Shoestring (acho que já disse isto...). Mas houve um problemazinho que eu ainda não contei: no site eles falam em visitar montes de monumentos (que de facto visitamos), mas as entradas nunca estão incluídas! E desde o início da viagem que tem sido: €2 para entrar aqui, €3 para entrar ali, €1,5 acolá... Isso, mais as "gorjas" que TODOS estão sempre à espera (porteiros, bagageiros, condutores das riquexós, taxistas, guias que já pagámos e até pessoas que começam a dar informações sem pedirmos..), faz com que o orçamento da viagem esteja sempre em expansão.

Ok, já me queixei do dinheiro (para não contarem com presentes), posso ficar por aqui. :P

13 de Dezembro

Estou em Chitwan, a reserva natural. Chegámos ontem ao fim da tarde e saimos amanhã às 6h da manhã. Hoje tivemos um dia em cheio! CHEIO mesmo!

- Acordámos cedo e fomos andar de barco (se é que podemos chamar barcos a troncos de árvores esventrados...) para ver crocodilos e muitas aves de diferentes espécies.

- Depois do barco, fizemos um passeio na selva, para vermos tigres e rinocerontes. Vimos os últimos, mas os tigres devem ter ido de férias...

- À tarde andámos de elefante... Foi engraçado, mas vimos alguns elefantes a serem maltratados... isso deixou-nos um bocado perturbados.


- À noitinha fomos jantar a um restaurante mesmo bom que tinha: BIFES suculentos e saborosos!! Souberam tão bem!! Que saudades já tinha!

A Mariana Reis está doente... espero que melhore depressa. Os próximos dias vão custar tanto a passar... Amanhã vamos de autocarro até à fronteira (p'rai 6 horas...), depois apanhamos o comboio (terror!!) até Deli (mais de 20 horas)... só temos um dia na capital... e 15 horas de avião...

16 de Janeiro

Passou quase um mês desde que voltámos a Portugal. Muitas das emoções diluíram-se com o tempo, mas as sensações de aventura e partilha de amizade vão estar sempre presentes nas minhas recordações da nossa grande viagem! (Que GRANDE frase! =P )

By Rita Silva